Fatalidade

Soldador de SG morto no Chile avisou à mãe que iria morrer

Família enviou documentos para trazer o corpo ao Brasil

Raphael morreu após contrair um tipo de catapora rara
Raphael morreu após contrair um tipo de catapora rara |  Foto: Redes Sociais
  

Raphael Casanova, de 38 anos, que faleceu após contrair um tipo raro de catapora no Chile, chegou a ligar para a mãe avisando que estava morrendo. A família conseguiu, nesta terça-feira (16), enviar todos os documentos necessários para o traslado do corpo do soldador, que está em um hospital na cidade de Antofagasta.

"Ele ligou para poder se despedir, ele virou para a minha mãe e falou: 'Mãe, eu to morrendo, me liga sempre que você puder. E a hora que você me ligar e eu não atender o telefone, é porque eu já morri'. E aí ele pediu para não contar nada para ninguém", disse Juliana Casanova, irmã de Raphael.

A família de Raphael encontrava dificuldades em conseguir trazer o corpo do Chile, devido ao fato de não encontrarem um cartório que pudesse fazer uma procuração juramentada e traduzida para o espanhol, que seria enviada ao hospital para liberar o corpo. Segundo a unidade, o corpo só pode ficar na unidade até a próxima terça-feira (23), caso contrário, ele será enterrado como indigente no país.

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"Graças a Deus a gente já conseguiu esse documento, em um cartório em Alcântara, eu já até enviei para eles. Agora é só aguardar as instruções de lá, acredito que até o final de semana o corpo dele já chega", informou aliviada.

Além dos trâmites, a família também conta com outro empecilho para trazer o corpo de Raphael para o Brasil: o valor. Por isso, eles fizeram uma vaquinha online que busca arrecadar uma quantia que ajude financeiramente o processo.

"Até sexta-feira [19] temos que mandar o restante do dinheiro, que é o dia em que o corpo sai de Santiago. Ontem faltava 5 mil para chegar ao valor, mas hoje [terça] falta menos de mil", informou.

O Ministério das Relações Exteriores explicou como funciona o procedimento em caso de falecimento de brasileiros no exterior, no entanto, devido a Lei de Acesso à Informação, no caso de Raphael Casanova, as informações não podem ser repassadas. 

"Em caso de falecimento de nacional no exterior, os consulados brasileiros poderão prestar orientações gerais aos familiares, apoiar seus contatos com autoridades locais e cuidar da expedição de documentos, como o atestado consular de óbito. O traslado dos restos mortais de brasileiros falecidos no exterior é decisão da família. Não há previsão regulamentar e orçamentária para o pagamento do traslado com recursos públicos.

Em observância ao direito à privacidade e ao disposto na Lei de Acesso à Informação e no decreto 7.724/2012, informações detalhadas poderão ser repassadas somente mediante autorização dos familiares diretos. Assim, o MRE não poderá fornecer dados específicos sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros".

Última visita

Ano passado, Raphael visitou a família em agosto. Na ocasião, ele passou um mês com a mãe, a irmã e os quatro filhos. Já de volta ao Chile, em dezembro as primeiras feridas começaram a aparecer.

"Ele entrou em contato com a minha mãe, falando que estava com umas lesões na cabeça. Com o tempo essas lesões foram aumentando e quando foi no começo de janeiro ele mostrou a ela. Ele estava com medo que fosse varíola do macaco", frisa.

Foi então que Raphael decidiu buscar ajuda médica. No hospital ele passou por exames e foi diagnosticado, segundo a irmã, com um vírus raro da catapora.

"É um vírus mais raro, quando dado em adulto é bem mais letal. Ele se queixava muito de dor, não conseguia comer. Só deu na cabeça e na nuca, não espalhou pelo corpo. O médico avisou que o vírus poderia deixar alguma lesão. Ele fez o tratamento todo, tomou medicação, tudo. Mas quando a lesão começou a secar, ele não voltou ao médico", relembra.

Mas, conforme os relatos de Juliana, o vírus continuou alojado no corpo do fisiculturista e, aos poucos, foi comprometendo os órgãos dele. Foi então que Raphael começou a ficar mais debilitado.

"Ele estava normal, mas o vírus estava agindo silenciosamente por dentro. Meu irmão não gostava de incomodar ninguém, até nesse momento ele não manteve o contato com os amigos. Meu irmão tinha um porte físico bem grandão, por causa desse problema estava bem magro e não queria que as pessoas vissem ele daquela forma. Ele não estava comendo, não ia mais ao banheiro", disse.

Juliana buscou ajuda com os amigos de Raphael que moravam próximo a ele, e só assim o soldador foi levado para o hospital, onde ficou internado mas não resistiu. 

Sofrendo o luto

Depois de tanto aflito, agora a família só quer poder, enfim, enterrar o Raphael. Na correria desde o dia da morte, na última terça-feira (9), tudo que eles não queriam era que o homem fosse enterrado como indigente.

"Agora estamos mais aliviados, saber que ele vai conseguir ser enterrado. Até ontem a gente não estava conseguindo deitar no travesseiro e descansar. Perder uma pessoa é difícil, mas ficar lutando e pedindo ajuda para conseguir enterrar é mais difícil ainda", desabafa.

A irmã disse que a família ainda não conseguiu sofrer o luto: "A gente ainda não teve condições de sentar, chorar e sofrer o luto. A gente fica correndo pra lá e pra cá, porque o tempo é corrido, mas agora vamos conseguir descansar a cabeça. Ele não vai ser enterrado como indigente". 

Nossa equipe de reportagem procurou o Itamaraty para comentar o caso, que responderam através de nota informando que: "o Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado-Geral do Brasil em Santiago, permanece à disposição para prestar a assistência possível aos familiares do nacional brasileiro, em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local." 

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